Rayén García é uma arquitecta e cantautora chilena que entrelaça o folk-pop com a música de raiz latino-americana, apontamentos de bossa nova e pinceladas de jazz. Depois do seu primeiro álbum, “Solántica”, já disponível, e prestes a lançar o novo disco “Los Gigantes”, a artista oferece um repertório que celebra o bem-estar e a singela beleza da vida. Ouvi-la — e ainda mais vê-la ao vivo — é entrar numa atmosfera envolvente onde o ruído quotidiano se dissipa e os sentidos se ligam ao real: melodias e palavras que abrem um refúgio íntimo, convidando-nos a olhar para dentro, descobrir percepções valiosas e crescer a partir do interior.
Ligada ao mundo da arquitectura, a cantautora teve um cuidado especial em erguer uma proposta criativa e conceptual que se tem fortalecido à medida que publica o seu trabalho — projectos que vão muito além do simples acto de fazer música. Tal dedicação permitiu-lhe, em apenas dois anos, consolidar a carreira na cena chilena, chegando aos palcos mais importantes do país.
Em “Los Gigantes”, cada canção é um conto: narrativas que sulcam mares, torres de sal, gigantes escondidos em gavetas e beijos viajantes — peças que procuram sensibilizar o ouvinte para a metáfora e a beleza oculta do quotidiano. É um convite a ouvir histórias vestidas de canção e recordar que, mesmo no mais simples, late um gigante pronto a despertar o nosso olhar. A proposta soa inovadora a qualquer espectador, pois, em palco, Rayén apresenta-se num formato acústico — voz, guitarras, contrabaixo e percussões — que combina intimidade poética com subtis matizes rítmicos. O concerto transforma-se numa experiência imersiva em que a narrativa se funde com a música e com uma encenação cuidada, conduzindo o público por um mundo simbólico que incentiva a reconectar-se com a emoção e a contemplação.
Protagonista recente do Festival REC 2025, Rayén tem a capacidade de converter qualquer espaço num refúgio sonoro e atmosférico: melodias calorosas, letras-ponte e uma proximidade em palco que casam na perfeição com o espírito criativo e comunitário do Festival MATE.