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Amicitia Chorus

Música

Showcases Musicais

O Amicitia nasce da vontade de ouvir o património musical português como matéria viva. Fundado em 2018, o coro assume-se como um espaço de experimentação onde a tradição não é preservada como relíquia, mas ativada como possibilidade criativa. Partimos das raízes para abrir caminho, cruzando o rigor da prática coral com uma escuta atenta ao que ficou nas vozes do povo.
Todo o repertório que interpretamos assenta numa tríade clara: a reinterpretação direta de repertório tradicional, preservando melodias e textos originais; a adaptação de obras de autor com um vínculo profundo à tradição oral; e a criação de novas peças que, a partir de fontes etnográficas, projetam uma estética própria. Esta estrutura permite-nos lutar pela continuidade viva do património musical português, ao mesmo tempo que exploramos, de forma consciente, o seu potencial de transformação no presente.
Sementes da Tradição, o concerto que apresentamos, é o reflexo desta abordagem. Todas as obras foram compostas de raiz para o Amicitia, em diálogo com o universo da música tradicional portuguesa. São peças que escutam o passado para falar no tempo de agora, assumindo a memória coletiva como matéria em transformação.
A nossa linguagem performativa alarga-se ao corpo e ao gesto. O canto coral convive com o uso de instrumentos tradicionais como o bombo e o adufe, explorando a sua ressonância ancestral em contexto contemporâneo. Em paralelo, o recurso à percussão corporal amplia o envolvimento físico e dramatúrgico dos intérpretes, transformando o corpo em extensão rítmica da voz. Esta dimensão estética é também visível no figurino: coletes inspirados no traje masculino tradicional português misturam-se com saias de referência búlgara, território onde o canto coral tem uma expressividade singular e desafiante. Sob as saias, calças, um apontamento moderno, que sublinha a nossa vontade de cruzar códigos, de contrariar expectativas visuais e sonoras.
No Amicitia, tradição e criação coexistem sem hierarquia. Trabalhamos com o que nos foi legado para fazer emergir uma sonoridade própria. Acreditamos que o património só se preserva plenamente quando se transforma, quando passa de voz para voz, de geração em geração, de ouvido em ouvido.
É nesse gesto que habitamos. E é a partir dele que cantamos.

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