LACRIMÆ; lágrimas, com origem etimológica latina, no seu plural, Lacrimæ, dá nome a este vídeo que expõe as paredes, os recantos, as cinzelagens na pedra e as ruínas do Mosteiro de Santa Clara-A-Velha, em Coimbra; uma edificação que perdura no tempo, sob um manto de terreno pantanoso que insiste em afundá-lo.
A este edifício foi, há 700 anos, construído um aqueduto que trazia para si as águas da Quinta das Lágrimas. Este é um projecto de imagem e movimento, com características formais que gravitam em torno da escultura, onde estão associadas as ideias de identidade e memória do lugar, através de um entendimento entre o seu tempo cronológico e o desenho. Entende-se aqui que o compasso é matéria de uma ordem do sensível e de verdades profundas, próprias de uma época que impõe, ainda aos dias de hoje, uma sensação de quietude e contemplação monásticas. Os signos estão gravados na pedra, num equilíbrio entre a lembrança do posicionamento do trabalhador, através do seu entalhe, e a monumentalidade edificada.
LACRIMÆ não pretende ser um documento das ruínas do mosteiro mas sim um convite na serenidade e grandiosidade do espaço, onde cada pedra conta uma história de devoção e resistência.
André Cordeiro vive e trabalha em Lisboa. Desde cedo ligado às artes visuais, entre a fotografia, imagem em movimento ou o desenho. Estudou audiovisuais e multimédia na EPCI, em Lisboa, e dedicou-se à fotografia analógica. Trabalhou como cameramen para a TV e como designer gráfico para atelier e agência. Em 2015 dedica-se a um percurso autoral, após 5 anos de estudo de desenho no Ar.co, em Lisboa. Em 2021 conclui o Independent Study Program da Maumaus e em 2024 conclui o licenciatura de Fotografia e Cultura Visual no IADE. Em 2023 participou no programa de residências artísticas de Melgaço – International Documentary Film Festival e colaborou na publicação colectiva da Zone, independent Publisher em Roma. O seu trabalho rege-se por intersecções de desenho na imagem, inscritos no tempo e na memória, abordando questões de ordem telúrica.