Sinopse
Em 2019, voltei para a Galiza depois de ter migrado, deixando a minha família na Argentina. Ao chegar a Lugo, uma cidade nova para mim, quis partilhar o que há de mais característico dos seus espaços com a minha avó, mas encontrei a dificuldade de que ela já estava praticamente cega. Não pude mostrar-lhe fotos ou mapas da cidade. Estas dificuldades levaram-me a refletir sobre as diferentes formas de ver quando não vemos, as diferentes formas de sentir e perceber o nosso ambiente. Pensei também: quais são os elementos determinantes do território? Como transmitir conceitos rígidos como morfologia, infraestrutura ou vazios urbanos? Desde então, procuro territórios para me aproximar, desde a reflexão até à materialização em papel bordado.
Sobre o Autor
Sou arquiteto, com formação complementar em Artes Plásticas (Técnicas e Materiais de Gravura) e Aquarela, através de aulas com o professor José Utrera. Sempre fui fascinado por compreender como a arte e a cultura moldaram as cidades. Depois de ter viajado por diversos países, não consegui compreender como existem territórios degradados e populações empobrecidas quando são tão ricos em recursos culturais.
Descrição do Projeto
Neste projeto, procuro conectar as pessoas com a sua identidade de bairro/rural através da arte e transmitir esses valores para o mundo. A partir deste reconhecimento de identidade, surgem ideias, empreendimentos e sinergias que estimulam a permanência da população. A partir desta permanência, promove-se o desenvolvimento social, económico e ambiental sustentável.
Contextualização
Minha proposta tem como referência os elementos da cidade nomeados por Kevin Lynch (caminhos, nós, marcos, bordas, bairros). Também está enquadrada no conceito de participação cidadã e planejamento urbano participativo. Segue uma ampla corrente de pensamento que coloca a arte como uma ferramenta para abordar conceitos cada vez mais duros, como infraestrutura, transporte ou economia.
Técnicas e Mídia
Pesquisa de mapas e planimetria em meios digitais e sistemas georreferenciais.
Impressão e trabalho de campo com marcadores em 3 cores (verde, amarelo, vermelho, conforme a técnica do “semáforo” para marcar no território os espaços favoritos, os espaços em declínio e os espaços totalmente negativos).
Transcrição para papel aquarela e intervenção em técnica mista: aquarela estampada, degradês, sobreposições, bordados sobre papel.