A obra propõe ao público uma reflexão sobre a nossa percepção das manifestações que julgamos naturais. Colocando uma lente sobre o ‘não natural’, tudo que ocorre de uma forma desconhecida, algo que não foi pré-concebido, os fenômenos dos quais nossos sentidos e percepção limitados raramente podem perceber.
O ‘não natural’ se difere totalmente do sobrenatural que está ligado a repetições e conclusões pautadas em nosso acomodado senso de realidade. O ‘não natural’ é o sucessor do natural, ele se constroi, se nutre e se molda de forma indiferente a todas as regras que constroem nosso senso de existência.
As plantas que compõem o Jardim cibernético não fazem fotossíntese, não retiram seu sustento através dos recursos do solo e da ação da luz. Essas espécies se alimentam de dados, fragmentos de informações que ficam à deriva por todo o ambiente, esses dados produzidos e lançados no espaço, criam um volume de matéria que para nós é invisível, sinais analógicos e digitais, pulsos de diferentes momentos. Todo esse material é absorvido por essas plantas que se desenvolvem em uma relação de mutualismo com antigas antenas. Essas estruturas carregadas com uma quantidade imensa de dados, transfere a essas plantas cibernéticas todos os recursos necessários para sua sobrevivência. Em troca, a vegetação gera energia para manter funcionais e captando sinal, essas antenas que a muito já sofrem com severo abandono de seus criadores humanos.
O “Jardim Cibernético” utiliza a tecnologia de realidade aumentada (AR) do ARCore do Google para criar uma experiência interativa no seu dispositivo Android. Ao tocar na tela do dispositivo, você insere novas plantas cibernéticas no ambiente real, que são projetadas para se integrar ao espaço ao seu redor. Essas plantas virtuais permanecem estáticas, permitindo que você adicione quantas quiser e se mova entre elas sem que se desloquem ou alterem sua posição. As plantas cibernéticas absorvem e processam dados digitais flutuantes no ambiente, enquanto antigas antenas interagem com elas, fornecendo a energia necessária e mantendo a funcionalidade das antenas. Este processo cria uma interação única entre o mundo físico e o digital, permitindo uma imersão total na experiência proposta pela obra.
A obra continua disponível online e acessível pela web. No espaço, um QR code estará disponível para que os visitantes possam acessar a página do projeto e interagir com a experiência de realidade aumentada diretamente através de seus dispositivos móveis.
Para garantir que todos possam participar, independentemente do dispositivo que possuam, disponibilizaremos um tablet e um celular no local. Estes dispositivos estarão prontos para uso, proporcionando uma oportunidade inclusiva para que aqueles que não têm um dispositivo Android possam também explorar o Jardim Cibernético AR.
Além disso, para atender às necessidades de acessibilidade, especialmente para pessoas com deficiência visual, levaremos modelos físicos das plantas cibernéticas impressos em 3D. Estes modelos permitirão que os visitantes toquem e sintam as formas e texturas das plantas, proporcionando uma experiência tátil que complementa a interação digital e amplia o alcance da obra para todos.
Elvys Chaves e Carlo Schiavini são um duo de artistas brasileiros que exploram as camadas da realidade física e digital através de instalações, intervenções urbanas, experiências em realidade aumentada iterativas com animação 2D e 3D. Com obras híbridas, excedem o espaço natural e o ambiente virtual. Criam uma narrativa entre as duas esferas da realidade, onde uma se torna inerente a outra.