Raia Seca é o território que se estende para ambos os lados da linha que separa a Galiza de Portugal, ao longo da costa do Minho. Quilómetros de fronteira que se estendem no espaço e no tempo, em que se desfiguram os limites da realidade ateia ou distópica. Os Estados sem lei e sem estradas têm o privilégio de ser invisíveis para quem por eles passa. Pobres promíscuos, sabemos que tudo muda à medida que se entra ou sai. Aldeias Xemelga com nomes idênticos que podem ser vistas de ambos os lados como se estivessem em realidades paralelas.
Música Trans ou Transcultural [de um lado para o outro]: Aquilo que faz parte do imaterial que nasce nos nossos microcosmos “raian”, “transfronteiriços”. Que se rege também por diferentes leis e noções que operam fora do seu território. O seu poder reside agora na reflexão sobre as linhas divisórias na música. Realizamos a nossa ação contra estes pequenos universos “atípicos” que foram forjados há séculos pelo isolamento cultural. E agora podemos ter um sentido universal – também paradoxal – pensando em novas formas de ligação.
Nolos catro -dous e dous-, obtenhamos das nossas raízes e diásporas um sentimento partilhado: “o que para muitos parece longo e distante, para nós nunca deixa de estar próximo”. Estamos unidos por um forte magnetismo a estas identidades culturais e reivindicamo-las musicalmente como parte do nosso máximo. A Raia Seca é a música que nasce da vontade de resoa co beilar. São melodias vivas que seguem o seu próprio instinto. São ritmos com fins rituais, telúricos, que lembram o transe.