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Escrevendo Palavras num Piscar de Olhos

Iniciativas de Educação Inclusiva

Escrevendo Palavras num Piscar de Olhos é um projeto que permite pessoas com paralisia cerebral ou autistas que não falam escreverem no computador com a mente, utilizando suas ondas cerebrais para acionar teclados virtuais por meio do piscar de olhos em uma interface cérebro-máquina. Eu sou professor de física de crianças com deficiência no Brasil. Durante os anos de sala de aula eu vi com dor no coração muitas crianças que não falavam terem dificuldade para acompanhar a escola por causa da limitação na comunicação. Eu gostava muito de robótica na época e me lembro de ter lido algo durante o meu mestrado sobre uma pesquisa que dizia que existia uma tecnologia que permitia se conectar com o computador com a mente. Achei muito interessante aquele estudo e comecei a ler tudo a respeito. Foi então que percebi que poderia fazer os meus alunos falarem se dominasse aquela área de pesquisa! E desde que conseguisse fazê-los escrever primeiro eu poderia fazer depois uma função para vocalizar o que eles escrevessem. A partir daí, comecei a comprar todo tipo de aparelhos de robótica, eletroencefalogramas portáteis e dispositivos de comunicação bluetooth. Consegui inicialmente fazer meus alunos ligarem e desligarem lâmpadas, depois, sirenes, mas o desafio era como transformar esse ligar e desligar em escrita. Passei dias sem dormir, pensando em diferentes formas de comunicação, pensei até em usar o Código Morse por ser um comunicação que se baseia em pontos e traços, o que daria para fazer, pois tinha conseguido criar um sistema binário de liga-desliga, mas seria exaustivo e complexo demais de ensinar. Foi então que um dia, inesperadamente, conversando com um aluno autista e superdotado ele me sugeriu: “Se a gente pudesse escolher a letra ou as palavras com o piscar de olhos não seria melhor?” e eu pensei naquilo o dia todo até que entendi que podia criar um teclado virtual com um cursor que seria controlado pelo piscar de olhos para escolher as letras ou palavras que ele estivesse sobre. E assim foi feito o sistema de interface cérebro-máquina que por meio das ondas cerebrais ao piscar os olhos, um sinal era enviado do aparelho de eletroencefalografia portátil na cabeça do meu aluno, via bluetooth, para o computador que interpretava o sinal pela interface, acionando com um cursor a letra ou palavra correspondente, para depois ela ser lida! Fiz questão que as primeiras frases que meus alunos dissessem fosse: “Eu te amo mamãe” ou “Eu te amo papai”. Hoje muitos desses alunos estão na universidade graças a esse sistema que permitiu a eles fazerem as avaliações de acesso com maior acessibilidade.

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