Alicerce é um espetáculo de dança contemporânea que mescla a técnica do balé clássico com as danças brasileiras, criando uma narrativa que destaca a instabilidade e as sensações corporais dos dançarinos. Nesta performance, a tradicional busca pelo equilíbrio e a ocultação das dificuldades no balé são subvertidas, permitindo que os sentimentos e desafios dos intérpretes venham à tona.
O cenário minimalista e simbólico, com projeção que remete ao sol e a lua, compõe com um semicírculo de objetos ao fundo do palco.
Com toques de capoeira e alguns outros ritmos brasileiros, como samba de roda, tocados ao vivo Alicerce” convida o público a uma experiência onde a vulnerabilidade e a instabilidade são celebradas como potências criativas. A pesquisa com a sapatilha não visa repetir passos codificados do ballet, mas criar e dançar a partir das sensações provocadas. Considerando esses aspectos, torna-se evidente que tanto o ballet clássico quanto a capoeira, as danças brasileiras e a educação somática possuem suas próprias riquezas e complexidades, refletindo diferentes abordagens culturais à arte e à expressão corporal. A capoeira, as danças brasileiras e as práticas de educação somática oferecem uma perspectiva autêntica e artisticamente contra-hegemônica. Essas formas de dança celebram o inesperado, a emoção e o desequilíbrio, utilizando a instabilidade e a expressão genuína como forças motrizes. A capoeira e as danças brasileiras promovem práticas decoloniais que desafiam as estruturas herdadas do poder colonial e hegemônico, valorizando a diversidade cultural do Brasil. Da mesma forma, a educação somática, que enfatiza a conexão entre corpo e mente, promove uma abordagem mais integrada e à expressão corporal. Dessa forma, a coexistência e o diálogo entre o ballet clássico, a capoeira, as danças brasileiras e a educação somática não só enriquecem o panorama das artes performáticas, mas também nos convidam a refletir sobre as diferentes maneiras de perceber e valorizar a expressão humana através da dança. Este intercâmbio cultural promove uma visão mais inclusiva e abrangente da arte, reconhecendo o valor de múltiplas tradições e perspectivas na consstrução de uma expressão artística mais rica e diversificada.
Ana Noronha, bailarina e coreógrafa, tem dedicado sua carreira ao estudo e produção de espetáculos que utilizam a sapatilha de ponta como eixo criativo desde 2014. No entanto, sua trajetória começou aos 3 anos de idade no Estúdio de ballet Cisne Negro, formou se também em danças Brasileiras e dança contemporânea, Bacharel em Comunicacao e Artes do Corpo na PUCSP e é Mestre em Comunicacão e Semiótica PUCSP. Foi no espetáculo “Ladies, da Inocência à Crueldade” Projeto contemplado pela Lei de Incentivo FOmento a dança, dirigido por Cristiane Paoli Quito, que pode explorar a sapatilha de ponta para além dos passos codificados. Em 2017, Ana estreou “LadiEX”, também sob a direção da premiada Cristiane de Paoli Quito, continuando a aprofundar sua pesquisa sobre as possibilidades expressivas e as sensações corporais proporcionadas pela sapatilha de ponta.
Formada em danças brasileiras e dança contemporânea, e dedica se desde 2005 a práticas somáticas como BMC, estudos fasciais e Ideokinessis.